31 de out. de 2011

Onde foi parar a humanização no trabalho?

Especificamente hoje (não que nos outros dias tenha sido diferente) estou me sentindo um lixo. Minha licença acabou e eu deveria voltar hoje, mas me deu um desespero tão grande, que eu não dormi até agora. Tenho sonhado com problemas na escola e com alunos já faz um tempo, agora só me faltava essa - ficar sem dormir. Enfim, resolvi usar uma das raras abonadas que eu ainda tinha e fiquei em casa hoje. Mas, de que adiantou? Amanhã eu terei que estar lá. Disso não há como fugir.

Mas não foi isso que me deixou tão mal.

Recebi uma ligação da coordenadora pedagógica da escola onde leciono como professora de Língua Portuguesa. Ela foi bem seca. "Olá Viviam, eu liguei para saber se você vai voltar ou não, para deixar a outra professora no seu lugar." Respondi que voltaria. "Mas vai sair de novo, né?" Avisei que não tinha conseguido consulta para essa semana, que passaria na semana que vem. Mas tenho certeza que nem os meus diários vão querer me entregar durante essa semana.

Custava ela perguntar se eu estava bem? Assim como muitos professores, eu também tirei licença médica. O meu caso foi um pouquinho pior: eu estava tão no meu limite que a diretora sugeriu que eu me afastasse. Só na escola onde trabalho sei que há mais uns 5 afastados. E o restante surtando. Ninguém se importa com o profissional, eles simplesmente mandam você para a sala de aula como se você fosse um tapa-buraco. E ainda exigem resultados. Que se dane se o professor trabalha 50 horas por semana, ninguém está nem aí com isso.
Falta humanização no trabalho. Esse é um dos motivos pelos quais os professores estão tão estressados. Pelo menos eu estou.
Estou fazendo um curso de especialização pela Unicamp em Língua Portuguesa e outro de extensão pela USP - além da Pedagogia pela Uninove, e me pergunto: pra quê? Se for para morrer nesse emprego onde os alunos não estão nem aí para o meu trabalho, os meus chefes não têm a menor consciência do que são as novas teorias e os pais só querem a bolsa-família, é melhor eu parar com isso tudo.