7 de mar. de 2014

Em tempo.

Por que todo mundo assusta quando eu digo que uso o celular - e consequentemente, a internet - como ferramenta de trabalho?

Além disso...

Quando as pessoas vão aceitar a linguagem utilizada nas redes sociais? É incrível o tamanho do preconceito linguístico que ainda reina nas escolas.

Pois é, os alunos mudaram, mas a escola continua a mesma coisa desde a época da Academia de Platão, affff

Novos ares... um recomeço!

Há tempos que eu não postava nada aqui. Na realidade, o desânimo consegue fazer coisas incríveis com a gente. Mas nesses dois anos muita coisa mudou: mudei de escola, casei, aumentei minha família, tirei outras licenças - a neurose nunca saiu de mim - e agora eu estou me sentindo à todo vapor.
Pela primeira vez.
Finalmente estou fazendo aquilo que eu faço melhor. E eu percebi que o reconhecimento - minguado, sim - dos meus pequenos tem aparecido. Não ligo para o reconhecimento dos meus chefes, afinal eu sei que ele jamais virá, mas sinceramente, ter a atenção e o carinho das crianças sempre foi minha meta.
E parece que eu estou chegando lá.

18 de abr. de 2012

Semana daquelas...

Essa semana está agitada. E olha que ainda é quarta-feira.
Na segunda, logo que eu entro na sala, vejo uma aluna usando celular para ouvir música.

"Ei, cururu, guarda o celular, por favor?"

"Cururu o seu rabo, eu tenho nome, sua bruxa do caralho."

O que eu poderia fazer? Pedi para que ela se retirasse da sala, antes que acontecesse o que ela queria: uma discussão daquelas.
Fiz o registro no diário, mas, assim como quase tudo o que acontece na escola, não dará em nada.

Na terça...

"Tem como você fazer a sua lição?"
"Você não manda em mim. Você não é minha mãe."

Resultado: mandei chamar a mãe dele, quem sabe ela faça com que ele estude, não?

E hoje...

"Mocinho, tem como você sentar no seu lugar?"
"Eu não."

Insisti.
Insisti.
Insisti.
Aí ele foi.

"Você vai se ver comigo na saída."

Levei o tal para a direção, chamei a mãe e avisei que ameaça é crime, que eu poderia fazer um B.O., essas coisas.

Mas tenho certeza que esse caso tbm não será resolvido.

Às vezes n sei mais o que fazer. Eu gosto do que faço, mas n suporto a ideia de n ser ao menos reconhecida pelo meu trabalho. N falo dos meus chefes, mas pelo menos pelos meus alunos.

(Depois vem gente reclamando que os professores faltam demais.)

Você trabalharia nessas condições?

10 de nov. de 2011

Professores estão excluídos do debate público sobre política educacional na América Latina, segundo pesquisa

Li essa matéria no UOL e achei muito interessante.
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Os professores estão fora do debate público sobre a educação e suas vozes não estão presentes nas coberturas jornalística da América Latina, segundo pesquisa do Observatório da Educação feita em 18 jornais do continente. Foram analisadas mais de 1.200 reportagens de maio a julho deste ano. As matérias indicam que as políticas públicas implantadas, os novos temas, disciplinas e materiais para as aulas são modificados sem que os professores sejam consultados sobre a política educacional.
“O professor é sempre um personagem e nunca uma fonte para balizar a política pública. E a má qualidade do ensino é sempre atribuída a eles. Estão sendo responsabilizados, mas não têm seu direito de resposta”, disse Fernanda Campagnucci, editora do Observatório da Educação, que participou do lançamento de Rede pela Valorização dos Docentes Latino-Americanos, hoje (9), na capital paulista.
Segundo Fernanda, a análise indicou que entre os temas mais comentados nos jornais estão a qualidade, seguida dos sistemas de avaliação, problemas de infraestrutura e violência nas escolas. Depois aparece a questão das tecnologias de informação na educação. “Nesse caso, dependendo do enfoque, entra em conflito com o docente, porque tem problemas de informação e uma ideia de que o aluno não precisa do professor para aprender porque consegue aprender sozinho com o computador”. Outro problema destacado nas reportagens analisadas são as greves e paralisações.
A vice-presidente da Internacional de Educação da América Latina, Fátima Aparecida Silva, disse que no geral a categoria dos professores é composta principalmente por mulheres, que chegam a ser 80% no ensino infantil e médio, enquanto no superior há mais homens. Além disso, apontou que os professores estão envelhecendo ao redor do mundo, já que a média de idade é de 45 anos. “A profissão não atrai mais gente jovem. Nos últimos dez anos, os mais novos ficam cerca de quatro anos dando aula até encontrar outra ocupação melhor.”
A ausência de formação é presente em todos os países, assim como a fata de um processo de negociação que traga valorização para a profissão, com diferenças entre a zona rural e urbana, tanto na formação quanto na remuneração. “Quando conversamos com os professores que vivem o dia a dia da aula, percebemos que eles reclamam ainda do número excessivo de alunos em sala de aula e da falta de participação nas políticas públicas, além da ausência de plano de carreira e do ressentimento por serem culpados pela má qualidade educacional.”
A coordenadora do Comitê Diretivo da Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (Clade), Camila Croso, disse que tem notado a tendência de desvalorização dos trabalhadores da educação, além do desprestígio e do processo de culpabilização e criminalização. “São tendências muito preocupantes, mas há também processos de resistência a tais tendências. Mas se sobressai o conjunto desvalorização, desprestígio e criminalização.”
Ela destacou ainda a tendência à privatização traduzida no nome de parcerias público-privadas, que aponta para outro lado, procurando ser atrativa. Disse também que há um marcante discurso sobre resultados na aprendizagem que não avalia os rumos da educação, mas dentro do foco de escola como fábrica de seres homogêneos montados para o mercado de trabalho.
“Esse sistema de ranqueamento é preocupante porque o resultado é medido sobre o quê? Aí voltamos ao ponto de partida que é perguntar para que serve a educação. Toda análise parte do aluno homogêneo que tem que responder ao mercado de trabalho”, assinalou Camila.
Ele também reforçou que há uma criminalização de professores e até dos alunos. “Há uma perda de noção do coletivo, porque há ataque aos sindicatos. Assim individualiza os professores e coloca o sistema de avaliação com prêmio e castigo. Desvaloriza o professor, porque leva a política de ensinar para o teste, para ir bem na prova. Adapta o currículo, se articula como o não protagonista do fazer pedagógico.”.
Guillermo Williamson, da Universidad de La Frontera, do Chile, disse que em seu país a educação apresenta cifras de desigualdade e que não há gratuidade para o ensino. Lá, as universidades são pagas ou se têm bolsas de estudo para os pobres. “No Chile, 40% dos jovens podem ir à Universidade, mas se a família tem dois filhos precisa escolher qual deles pode ir ter o ensino superior”.
Segundo ele, assim como no Brasil. os jovens estão desistindo de ser professores por conta da precarização do ensino. “Temos que trabalhar fortemente na educação pública estatal e podemos buscar a gestão social com cooperativas mistas com o Estado”. Para ele é preciso retomar a função do professor, que em sua avaliação é ensinar os alunos e ser um mestre. Além disso ele destacou que é preciso que o professor recupere sua autoridade em sala de aula.

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Fonte: http://noticias.uol.com.br/educacao/2011/11/09/professores-estao-excluidos-do-debate-publico-sobre-politica-educacional-na-america-latina-segundo-pesquisa.jhtm

8 de nov. de 2011

Nervosismo? Neurose?

Não sei o que está acontecendo comigo, mas estou sem dormir direito há mais ou menos uns 3 ou 4 dias. E isso está me deixando extremamente irritada. Só a ideia de saber que eu vou chegar naquela escola e praticamente tudo estará da mesma forma, bagunçado como sempre, me dá arrepios. Eu não gosto disso.

Não que eu seja a eterna funcionária do mês. Estou bem longe disso.

Mas eu gostaria de trabalhar em um lugar onde as pessoas realmente se importassem com aquilo que elas fazem. Pessoas que entendessem que educação é coisa séria. Tudo o que eu vejo no meu cotidiano escolar são professores e coordenadores e diretores que vivem querendo enrolar os pais, que não têm a menor consciência daquilo que falam, que não têm estudo, que não estão nem aí. Isso é revoltante. Eu sei que eu, como professora, ainda deixo muito a desejar, mas ver o descaso com que os próprios profissionais tratam a educação é de deixar maluco.

Muitas pessoas me disseram para que eu chutasse o balde, que desse aula de qualquer jeito, que só aparecesse lá para ganhar o meu dinheiro. Como eu queria fazer isso, mas eu não consigo. Eu queria ter o prazer de levantar e ir para o meu emprego, fazer o meu trabalho e voltar para casa. Deixar tudo incompleto me desanima.

Vontade de chorar. De novo.

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Talvez esteja na hora de adotarmos esse tipo de estratégia para fazer com que as pessoas se interessem pela educação:

Trata-se de um calendário sexy que algumas estudantes fizeram na Alemanha, com a intenção de fazer com que as pessoas se interessem pela educação. A frase título "Geist ist geil" (Conhecimento é sexy) caiu muito bem à situação.

Agora, vamos imaginar um desses feito no Brasil.

Medo.

31 de out. de 2011

Onde foi parar a humanização no trabalho?

Especificamente hoje (não que nos outros dias tenha sido diferente) estou me sentindo um lixo. Minha licença acabou e eu deveria voltar hoje, mas me deu um desespero tão grande, que eu não dormi até agora. Tenho sonhado com problemas na escola e com alunos já faz um tempo, agora só me faltava essa - ficar sem dormir. Enfim, resolvi usar uma das raras abonadas que eu ainda tinha e fiquei em casa hoje. Mas, de que adiantou? Amanhã eu terei que estar lá. Disso não há como fugir.

Mas não foi isso que me deixou tão mal.

Recebi uma ligação da coordenadora pedagógica da escola onde leciono como professora de Língua Portuguesa. Ela foi bem seca. "Olá Viviam, eu liguei para saber se você vai voltar ou não, para deixar a outra professora no seu lugar." Respondi que voltaria. "Mas vai sair de novo, né?" Avisei que não tinha conseguido consulta para essa semana, que passaria na semana que vem. Mas tenho certeza que nem os meus diários vão querer me entregar durante essa semana.

Custava ela perguntar se eu estava bem? Assim como muitos professores, eu também tirei licença médica. O meu caso foi um pouquinho pior: eu estava tão no meu limite que a diretora sugeriu que eu me afastasse. Só na escola onde trabalho sei que há mais uns 5 afastados. E o restante surtando. Ninguém se importa com o profissional, eles simplesmente mandam você para a sala de aula como se você fosse um tapa-buraco. E ainda exigem resultados. Que se dane se o professor trabalha 50 horas por semana, ninguém está nem aí com isso.
Falta humanização no trabalho. Esse é um dos motivos pelos quais os professores estão tão estressados. Pelo menos eu estou.
Estou fazendo um curso de especialização pela Unicamp em Língua Portuguesa e outro de extensão pela USP - além da Pedagogia pela Uninove, e me pergunto: pra quê? Se for para morrer nesse emprego onde os alunos não estão nem aí para o meu trabalho, os meus chefes não têm a menor consciência do que são as novas teorias e os pais só querem a bolsa-família, é melhor eu parar com isso tudo.

25 de jun. de 2011

E começou o interclasse no Lacy!

Adoro essa época do ano, pois é justamente quando conseguimos virar a escola de cabeça pra baixo!
As crianças estão animadíssimas, e, com a ajuda dos professores, esse interclasse parece estar demais!